quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Gastronomia : "Eu não faço espuminha"

Hoje fui conhecer um restaurante novo em São Paulo chamado Vecchio Torino em Pinheiros. Depois da refeição memorável, o dono e chef, o simpático italiano Giuseppe La Rosa, conversou comigo sobre a cozinha clássica italiana que ele serve, enquanto, com muito orgulho, me mostrava sua cozinha super equipada, detetizada, limpa, e ocupadíssima com os pedidos vindo de todas as mesas ocupadas de executivos no salão. "Eu não faço espuminha", me disse ele com sotaque italiano, numa crítica sutil aos moderninhos da cidade e defendendo sua genuinidade italiana. É verdade, concordo com o Sr. Giuseppe! Esse negócio de espuma já está ficando ultrapassado. É um viral gastronômico: todo restaurante sem identidade que quer "inovar", acha que basta colocar uma espuma de qualquer coisa no prato e pronto. Isso já não cola mais. Ou, nesse caso, não espuma mais.

Na literatura gastronômica , a invenção da técnica da espuma é de autoria do chef catalão Ferran Adrià, que usou um sifão de chantilly para criar a textura aerada e cremosa para sabores principalmente salgados, e que nunca tinham sido provados antes desse modo. A partir daí todo mundo copiou o homem e tem cada coisa por aí que parece mais espuma de detergente que algo comestível... A estética do prato acaba ficando terrível se a técnica não for bem executada.

Mas voltando ao que é comida de verdade, me senti a comensal mais feliz do salão multicolorido do Vecchio Torino, porque pude provar um pouquinho de cada coisa do cardápio. Já comecei bem me divertindo com o couvert com os pães frescos preparados pela esposa do Sr Giuseppe. Depois a festa iniciou um Carpaccio de Tonno (Atum), fresquíssimo e regado a muito azeite do bom. Depois começaram a vir as massas em pequenas porções, suficientes para degustar e satisfazer. Comecei com o delicado Ravioli de Ricotta al Tartufo Negro, com um molho suave, mas marcante do tartufo e da noz moscada. Depois fui para  o Casoncelli al Burro e Salvia, recheada de carne e biscoito amaretto. Muito boa porém achei um pouco al dente demais. Depois fui servida de um pequenino quadrado de 'Nostalgia de Lasagne' , uma lasanha de massa verde com ragú deliciosa. Gostei que tinha folhas de espinafre e outras verduras em uma das camadas. Para finalizar o banquete, terminei com o delicioso Tortelloni alla Piamontese, uma massa verde recheada com pato e um molho de tomate maravilhoso com queijo Fontina.  Com certeza um dos meus favoritos da refeição! Que molho era aquele?! Delicioso... Vai ficar para próxima quando sobrar um espacinho no estômago, comer o gnocchi alla piamontese, com esse mesmo molho.

Por insistência do Sr Giuseppe, tive que pedir uma sobremesinha pra adoçar o paladar e  por indicação dele e comi uma Pana Cotta divina, nada enjoativa, levinha e gelada.

É isso aí Sr. Giuseppe, nada como uma comida tradicional e genuína italiana e sem modismos passageiros, pra fazer a gente feliz!!!


    Ravioli de Ricotta al Tartufo Negro

Vecchio Torino: Rua Tavares Cabral, 119 Pinheiros


Um comentário:

  1. Hum que delicia...adoro comida italiana...fui lendo e comendo com os olhos!A descrição foi perfeita!

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